sexta-feira, 22 de novembro de 2013

ALUNA DA E. M. DOM PEDRO I ARRASA NA MARATONA ESCOLAR GUIMARÃES ROSA

A aluna Alana Raquel, 15 anos, 9º ano, turma 1902, da E. M. Dom Pedro I é uma feroz leitora da Sala de Leitura e admiradora da obra de Machado de Assis. 
Por isso, a professora Ana Maria Lins, da Sala de Leitura, a convidou para participar da Maratona Guimarães Rosa. Alana, que já foi vencedora de concurso de redação promovido pelo Rioeduca este ano, ficou interessada mas se sentiu insegura, pois se tratava de dissertar sobre um ícone da literatura brasileira. 
Com o apoio da professora Ana Maria Lins, iniciou leituras sobre o autor e suas obras, aprimorando-se na sua biografia e, com isso, se encantando por Guimarães. O trabalho culminou com uma produção de texto tão primorosa que encantou a todos! E veio o resultado: a produção de texto de Alana Raquel foi selecionada! Ela não acreditava na notícia... 
A cerimônia de encerramento e premiação da Maratona Escolar Guimarães Rosa foi realizada na ABL - Academia Brasileira de Letras - com a presença dos acadêmicos Arnaldo Niskier e Evanildo Bechara, da Secretária de Educação, Claudia Costin, da Coordenadora da 7ª CRE, profª Sônia Marques, entre outros. A aluna foi convidada a ler sua produção, que ganhou destaque entre as sete premiadas, encantando os presentes com suas palavras carregadas de emoções: “Sou machadiana, sempre tive o sonho de visitar a Academia Brasileira de Letras. Jamais imaginei estar ao lado de imortais da casa e isso para mim é uma honra. Além de poder conhecê-los, a Maratona também me deu a oportunidade de conhecer a obra de Guimarães Rosa, de quem agora sou grande admiradora, uma nova Roseana”, sob lágrimas. 

Alana tem planos de fazer cursos como Língua Estrangeira e Letras, além de continuar suas leituras e participar de concursos de redação.


Confiram o belíssimo texto da aluna:

A vida e a obra do autor de Grande Sertão: Veredas

Oh, João, se tu vivesses... Contar-me-ias o que vistes em tuas Veredas, falar-me-ias sobre teus “personagentes”, explicar-me-ias o por que com tanta facilidade escrevias: novelas, contos e romances como se fizesses poesia. 
Se tu soubesses o quanto essa pessoa almeja encontrar “A terceira margem do rio, Partir do audaz navegante, ou até... Evitar a fatalidade”. Queria viver igual a Miguilim, estar nas Noites do Sertão... Tu não estás aqui, Homem! Cadê você, Joãozito? Descansas... Tivestes uma boa vida, médico, diplomata. Vivestes por ti e pelos outros em tantos lugares do mundo.
E a tua paixão pelo Sertão? Ah! Esta sim é mais que incondicional. Nascestes em Minas Gerais, mas o Sertão te pegou. Tinhas razão quando dissestes que: “Quase todo o mundo tinha medo do sertão, sem saber nem o que o sertão é”, mas, mais uma vez tuas anotações em teu caderninho de bolso, tua incursão pelas matas, e tua forma de representar o Sertão como Ele realmente é, vence tudo. Vence todas as especulações. E até a tua marca regionalista e a tua riqueza no vocábulo mostram que a tua vontade de conhecimento inteiro do Brasil (que executastes durante toda a tua vida levando parte do Sertão e do Brasil para todas as partes do mundo) é um tanto maior que afazeres burocráticos. Ao longo da tua vida, estudastes a essência, as riquezas naturais e até a Geografia do Brasil.
Diga-me, Joãozito: inventastes novas palavras, ou apenas adaptastes as já existentes para se ler como se ouve? Gostaria de saber diretamente de ti, Homem bonachão, asseguro! Mas, de um dos mistérios questionados, apenas um esta leitora sabe. Sabe que, como diria o senhor que: “a língua e eu somos um casal de amantes que juntos procriam apaixonadamente, mas a quem até hoje foi negada a bênção eclesiástica e científica”. Tu crias um “Corpo de Baile” com: Capangas, Crianças, Vaqueiros, Loucos, Cantadores e Mulheres e tu interages com os tais, usando a mesma língua. Tu passas a palavra a estes sem que sequer notamos. Em teus livros têm-se horizontes que raramente vemos em qualquer leitura. Ficam à mente, imagens de Buritis e Veredas, surpreendentes, marcantes. Todos nós, teus leitores, alcançamos a graça, Homem, de saber que, em teus campos havia: “frechechéu e tiroteio”, e no alto do teu céu: “o milmilhar de estrelas do sertão”. Oh, tua mistura personalíssima e inimitável!
Esta é minha humilde ode a ti, João Guimarães Rosa, não àquela de Drummond que em tua homenagem póstuma escreveu que “projetava na gravatinha a quinta face das coisas?”, mas a de uma leitora voraz, que tentou exprimir com veemência a tua concepção de Sertão. 
Alana Raquel da Silva Lino


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