COMUNICADO da SME, DO 08/11/2017
AULAS de CROCHÊ na EM ALBERTO RANGEL, Cidade de Deus.
Professor na Cidade de Deus oferece matéria eletiva de crochê
Entre novelos de barbantes e agulhas, 15 alunas da Escola Municipal Alberto Rangel, na Cidade de Deus, área conflagrada da cidade, se reúnem toda quinta-feira na unidade para fazer crochê. O encontro semanal faz parte da aula eletiva oferecida pelo professor de inglês, Fábio Dias.
Durante dois tempos, o docente estimula as estudantes a adquirirem as habilidades manuais necessárias para os trabalhos básicos de crochê. Entre elas, a concentração, considerada uma das aptidões fundamentais para executar a tarefa.
Primeiro o professor ensina a empunhar os instrumentos de trabalho, como o barbante e a agulha. Posteriormente ensina os três pontos básicos da técnica de entrelaçar linhas: correntinha, ponto baixo e ponto alto. Após adquirirem a prática nos pontos, as alunas passam a criar peças como flores, corações, capas de almofadas, capachos, entre outros itens.
A ideia da eletiva, que começou com as aulas no início de 2017, partiu do próprio professor. Fábio aprendeu crochê com mais ou menos a mesma idade das suas alunas, aos 13 anos. “Tinha vontade de aprender e uma tia me ensinou mesmo preocupada com o que as pessoas iam pensar de um menino fazendo crochê. Já adulto voltei a fazer e comecei a produzir muitas peças para complementar meu orçamento familiar” contou.
Ao longo dos anos o professor sempre recebeu olhares de estranhamento ao fazer o trabalho manual em locais públicos ou comentar com alguém que fazia. Na escola, no entanto, Fábio nunca percebeu qualquer tipo de preconceito. Muito pelo contrário. No primeiro semestre a turma era mesclada com meninos e meninas participando ativamente da aula.
“A sociedade em geral ainda não está preparada para ver homens fazendo crochê. Aqui na escola os alunos já tem outro pensamento. Durante as aulas não houve nem por parte dos que participavam nem de outros estudante qualquer tipo de aversão, vergonha, bullying ou provocação pelo fato de meninos estarem fazendo eletiva de crochê” relembra.
A turma no segundo semestre foi formada após um sorteio realizado pela diretora da unidade, Nurimar dos Santos. A ideia foi realizar um rodízio entre os estudantes para que todos pudessem participar das outras eletivas que são oferecidas no colégio. Entre as opções estão fuxico, multimídia com produção e edição de filmes, teatro, preparatório para concorrer a vagas em escolas técnicas e bolsas em colégios particulares, além de faça você mesmo – uma oficina onde alunos criam objetos e realizam experiências, entre outras atividades.
“Com matérias eletivas sobre temas diversos conseguimos tornar o espaço escolar mais atrativo e mantemos o nosso aluno na escola por mais tempo. O nosso maior objetivo é incentivar quem quer aprender e mostrar que todos são capazes de tudo” disse a diretora.
As eletivas de crochê vêm revelando o talento de alguns adolescentes. É o caso de Julia Monteiro, de 12 anos. A estudante conheceu o crochê na escola e hoje auxilia o professor Fábio com as outras colegas durante as aulas e também ensina o que aprendeu para alunos de outras turmas.
“Aprendi na escola que gosto muito de crochê. Em casa, procuro na internet vídeos de pessoas ensinando técnicas mais avançadas e produzo outras peças maiores como tapetes", explica Julia.
Para o ano letivo de 2018 a direção já planeja duas turmas de crochê. Uma ministrada pelo professor Fábio e outra pela aluna Julia.
“Ela é muito dedicada e envolvida com os outros colegas. Está em um nível tão avançado que faz coisas que eu mesmo não sei fazer. Já pedi para ela me ensinar” revelou o docente.
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